Pesquisa da Confederação Nacional de Trânsito mostra que seriam necessários 5,24 bilhões para melhorar a situação das estradas brasileiras
De Norte ao Sul, de Leste ao Oeste, todos os dias, milhares de veículos transitam nas rodovias do Brasil. Seja para passeio ou transporte de mercadorias, o país gira em torno das estradas. Devido à importância logística, as vias e rodovias brasileiras precisam ter constante monitoramento, que vai desde a fiscalização de velocidade, até incentivos e melhorias que trazem mais segurança para os usuários.
Desde outubro de 2022 o Sul do país vem sendo impactado por fortes chuvas que provocaram quedas de barreiras, desmoronamentos, alagamentos e outros danos de grande porte que pararam estradas importantes, como a BR 277, 376 e 116, além de vias estaduais que ligam a região ao restante do país. A situação até hoje causa impactos, gerando longas filas e congestionamento, e também exige muita paciência dos condutores. Para Luiz Gustavo Campos, diretor e especialista em trânsito da Perkons, “a prudência do motorista permanece como engrenagem crucial para minimizar as chances de novos acidentes nessas situações de desgaste e estresse”, explica.
A falta de investimentos e manutenção das rodovias brasileiras não são de agora. Uma pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT), chamada “Os pontos críticos das rodovias brasileiras”, mostra que, em 2022, foram registrados 2.610 pontos críticos nas estradas – problemas na infraestrutura que interferem na fluidez, oferecendo riscos à segurança dos usuários, aumentando, de forma significativa, a possibilidade de acidentes e gerando custos adicionais ao transporte. Esse quantitativo é 50% maior do que o identificado em 2021 (1.739 ocorrências). São problemas graves, que se multiplicam a cada ano e se concentram, majoritariamente, em rodovias sob gestão pública.
Panorama nacional de degradação
A série histórica apresentada na publicação evidencia o panorama da degradação da malha rodoviária brasileira: em 2012 o usuário encontrava, em média, um ponto crítico a cada 372,4 quilômetros percorridos; em 2022, passou a se deparar com uma ocorrência a cada 44 quilômetros. Ainda em 2022, Minas Gerais foi a Unidade da Federação que se destacou quanto a quedas de barreira (123) e erosões na pista (182). Já o Pará teve o maior registro de buracos grandes (291).
Em geral, as rodovias estaduais públicas destacaram-se negativamente quanto à densidade de pontos críticos. Em 2021, por exemplo, se sobressaíram as rodovias CE-183, PA-447 e MA-303, com, respectivamente, 4,83, 4,29 e 3,23 pontos críticos a cada 10 quilômetros pesquisados – sendo todos esses casos trechos com ocorrências de buracos grandes.
Para a resolução dos pontos críticos identificados em 2021 foi estimada a necessidade de investimento de R$ 1,81 bilhão. Como os problemas perduraram e novas ocorrências surgiram, em 2022 o montante aumentou para R$ 5,24 bilhões, o que representa cerca de 28% de todo o recurso destinado ao então Ministério da Infraestrutura – previsto na Lei Orçamentária Anual (LOA) 2023.