Pais do funknejo! Cacio & Marcos, completando 11 anos de dupla, relembram como começaram e os momentos mais marcantes da sua carreira Em 2011, Cacio & Marcos pegaram uma câmera, despretensiosamente, e gravaram um cover de um funk em versão sertanejo. Mal sabiam que ali, tinham marcado a história da música sertaneja. |
Na sexta-feira (15) passada, a dupla Cacio & Marcos lançaram o remix da famosa ‘‘As Mina Pira’’, em parceria com BeatWill, pela New Music Brasil. O sucesso foi lançado pela primeira vez em 2012, e, desde então, tornou-se uma das maiores referências quando falamos em funknejo.
Falando em funknejo, você sabia que a dupla foi a criadora de um subgênero totalmente diferente? Sim! Cacio e Marcos foram os responsáveis por juntar o funk e o sertanejo, moldando, assim, a indústria musical em 2011.
O humor, o carisma e a energia são as três características que mais definem Cacio & Marcos. Suas músicas são repletas de tiradas engraçadas e enérgicas e, seus shows, refletem isso diretamente. Não é à toa que somam uma fanbase de milhões de fãs, não é mesmo?
Nós, da New Music, chamamos a dupla para conversar sobre diversos momentos que marcaram a sua carreira. 11 anos na estrada e várias histórias para contar! Quer saber como foi o processo de criação do funknejo e como venceram o preconceito que receberam no começo da carreira? Confira a entrevista na íntegra a seguir!
Cacio e Marcos, vocês estão fazendo 11 anos de Cacio & Marcos! Nos contem como foi o primeiro contato de vocês com a música. Quando vocês cantaram pela primeira vez, sozinhos, e falaram: olha, até parece ser uma coisa legal!
Cacio: Somos amigos de infância, desde pequenininhos! O Marcos, na época, tinha entrado no coral da igreja e ele precisava de alguém para tocar violão. E eu tocava, só que não cantava. Mas, entrei no coral mesmo assim, e ali, tivemos o primeiro contato de cantarmos juntos. Fomos aprendendo como cantar em primeira e segunda voz.
Marcos: Sim, também começamos a fazer alguns vídeos para postar no nosso YouTube e nós fomos entendendo como dupla assim!
Vocês foram praticamente os primeiros artistas, pelo menos no Brasil, a estouraram por uma plataforma que ainda era nova: o YouTube! Quando foi que pensaram em postar vídeos, imaginaram que iriam se tornar esse nome tão grande, como se tornaram?
Cacio: Não, nós nem imaginávamos que isso poderia acontecer.
Marcos: Quando começamos a gravar os vídeos, nem fizemos com essa intenção de vamos estourar e nos tornar famosos! Era apenas para deixar salvo mesmo.
Cacio: Começamos a postar os vídeos para que os nossos amigos vissem. Daí, tive uma ideia, que comentei com o Marcos, de pegar um funk e transformar ele em sertanejo. Ele topou e fomos na casa dele gravar o vídeo. E a partir dele, as coisas começaram a mudar.
Quando foi a primeira vez que se apresentaram para o público. Ficaram nervosos? Quantas pessoas tinham na plateia, lembram?
Cacio: O primeiro show como dupla eu lembro certinho quando foi! Foi em Prudentópolis, dia 13 de agosto de 2011 e foi na inauguração de uma casa de shows da cidade. Deu mais de mil pessoas, e inclusive, muitas pessoas ficaram de fora!
Marcos: Um nervosismo danado! E tem um vídeo na internet dessa apresentação.
Confira o vídeo!
E de quem foi a ideia de colocar o bailarino Lau, ao invés das bailarinas? Ele ainda vai com vocês nos shows?
Marcos: O Lau sempre trabalhou com a gente, desde o começo da dupla. Ele era o nosso coordenador no grupo de jovens.
Cacio: Ele era a peça chave do Cacio & Marcos. Infelizmente, em 2018, ele quis seguir outra vertente e hoje ele mora nos Estados Unidos. Mas temos contato com ele até hoje!
Cacio & Marcos, vocês sem dúvidas são os reizinhos do funknejo, afinal vocês foram os responsáveis por criá-lo e serem os precursores desse novo gênero que dominou, e ainda domina, as paradas. A ideia de misturar as duas potências do momento: funk e sertanejo, partiu de quem? Como foi todo esse processo para chegar nesse resultado?
Marcos: Quando Cacio veio com a ideia de gravar um funk como um sertanejo, foi o momento que nasceu uma ideia. Era um funk romântico e o Cacio veio com a ideia de tocar no violão, e na época ele estava aprendendo a tocar vaneira. Daí eu falei, vamos gravar ‘‘Sou Foda’’, ele apoiou e foi praticamente assim!
Cacio: Como vimos que essa vertente era nossa cara, que nós tínhamos criado, decidimos permanecer nesse segmento. Todas as nossas músicas são funknejo, até os singles mais recentes.
Traição é traição, romance é romance e um lance é um lance, procede?
Cacio e Marcos: Procede! (risos)
O funknejo chegou causando na cena sertaneja. O foco, que antes era o sertanejo romântico e universitário, virou o batidão do funknejo. Sofreram preconceito dos próprios colegas de trabalho ou foram acolhidos imediatamente?
Cacio: De colega de trabalho, não. Mas, na época era uma coisa que era rara de ser. Funk era funk e sertanejo era sertanejo. Hoje em dia é muito mais comum ver parcerias entre funkeiros e sertanejos. Na época que lançamos o nosso funknejo, eu acho que, o sertanejo mais antigo tinha um certo preconceito. Inclusive, tinha muita casa de show que batia o pé e falava que ali não pisava Cacio & Marcos, porque tocam funk e a minha casa é sertanejo. Passavam três meses e nós estávamos lá cantando!
Pegando o gancho, o que vocês pensam sobre a nova geração do funknejo que, agora, está com batidas eletrônicas? Como, por exemplo, Pedro Sampaio, DJ Chris no Beat, Dj Kevin, Pedro Paulo & Alex, dentre outros. Rolaria feat com essa nova geração?
Marcos: Não só na música, mas o mundo inteiro está em constante renovação. Então, agora, é esse sertanejo meio eletrônico, e daqui um tempo vai mudar novamente. Toda mudança é super bem vinda!
Cacio: A gente vê hoje vários sertanejos que usam chapéu e bota e que falam sobre a agropecuária, eles cantam funk. Ana Castela é uma das artistas do momento que gostaríamos muito de fazer uma colaboração. Luan Pereira, DJ Chris No Beat, essa nova geração, seria muito legal poder fazer um feat.
Marcos: Ah, se Gusttavo Lima topar, nós topamos também! (risos)
Cacio: Dennis DJ também seria um sonho! Ele é praticamente nosso conterrâneo, ele não saia do Espírito Santo!
‘‘Sou Foda’’, ‘‘Tá Tarada’’, ‘‘Tá Doidona’’ e ‘‘As Mina Pira’’ foram as primeiras músicas do repertório a estourar nas rádios! Como se sentiram após ver os singles virando hits e tocando em todos os lugares?
Cacio: Em um primeiro momento, a ficha ainda não tinha caído! Hoje em dia com o Instagram, que é muito participativo, você consegue ter uma noção se aquela pessoa está bombando ou não. Isso era algo que estava começando em nossa época, então você não sabia o tamanho que você era. Não tínhamos noção da proporção que tinha tomado. Eu nunca ia pensar que iríamos precisar de um segurança para andar na rua, e teve um momento, que precisamos contratar um!
Marcos: Foi tudo muito rápido e não tínhamos nenhuma noção do tamanho. Hoje, você consegue ter uma base nas redes sociais. Quando chegávamos nas cidades, o pessoal passava de carro tocando as músicas. Chegaram a colocar na porta do hotel aparelhos de som, tocando os singles!
Tá doidona, tá chapada… Meninos, que hit! Sucesso no Brasil inteiro! Como ficou o coraçãozinho de vocês quando perceberam que tinham estourado e arregaçado as paradas da rádio?
Marcos: Foi muito bom, porém ela não durou muito tempo na internet. O vídeo foi feito com os memes da época, aquelas caricaturas. Alguém registrou esses desenhos e nos contatou falando, ‘‘Cacio e Marcos, é 40 mil para deixar no YouTube, se não vou mandar retirar o vídeo.’’
Cacio: Acabamos retirando o clipe. Mas, graças a Deus ela sobreviveu nas rádios e nas outras plataformas.
Marcos: Ela já tinha estourado. Então, assim, o nosso vídeo foi retirado, mas o da galera tá lá, firme e forte!
E ainda havia boatos de que eu estava na pior… Não só de luxo se vive os pais do sertanejo. Nos contem o primeiro perrengue a dupla passou!
Marcos: Quando chegamos em Londrina, moramos mais ou menos um mês em um hotel. Não era nem de longe cinco estrelas, nem quatro e muito menos três… Às vezes a gente só jantava para economizar o dinheiro. Tomávamos um café da manhã bem regrado, que era servido pelo hotel, daí íamos dormir e quando acordávamos já era quase a hora da janta.
Cacio: Ficamos um pouco mais de um mês em um quarto com quatro pessoas! E o banheiro era comunitário, viu.
Teve uma vergonha que ficou emplacada na história de vocês
Cacio: Ah, vergonha sempre tem, né! Chegar na cidade e errar o nome dela no show.
Marcos: Rasgar a calça no meio do show! Inclusive, fui virar um mortal no palco e caí de cara no chão!
Meninos, todos temos um momento que adoramos ficar relembrando. Aqueles momentos tão felizes, que nossos olhos chegam a encher de lágrimas. Com certeza, vocês devem ter vários assim, relembrem o top 3!
Cacio: O primeiro foi quando saímos de casa, e uns três meses depois, fomos nos apresentar em Mato Grosso. No meio do show, subiram no palco e falaram que tinha uma dupla de mulheres que iriam participar. Quando anunciamos, entraram no palco minha mãe e a do Marcos. Foi muito emocionante!
Marcos: Teve um evento que a gente tocou chamado Country Festival. Nele, teve Chitãozinho & Xororó, Cristiano Araújo, Luan Santana, Munhoz & Mariano e a gente tava no meio! Foi um momento muito emocionante e único de poder dividir o palco com esses nomes do sertanejo.
Cacio: A Calouro Folia em Maringá foi muito massa, também! Toda vez que fazemos um show lá, a galera fala que foi a melhor Calouro que teve. É muito legal ver que o nosso show leva alegria, sabe? Tocamos pouquíssima sofrência. Sempre estamos dançando no palco, fazendo palhaçada, brincando com os fãs, gostamos que as pessoas se sintam à vontade, em casa! E é muito incrível quando recebemos mensagens de fãs falando que estavam com depressão e foram nos ver e a nossa alegria contagiou eles, gratificante para caramba!
Como foi fazer a primeira turnê dos Estados Unidos? Como foi essa experiência? O país recebeu bem a dupla? Como é a energia da galera de lá?
Marcos: O show foi mais para a comunidade brasileira que mora lá. Mas, foi muito legal. Conhecemos uma cultura nova, gente nova e arriscamos muito tentando nos comunicar em inglês! (risos)
A pergunta que não quer calar: e aí, como tá o parça Neymar? Animados para a Copa 2022?
Cacio: Tá muito bem! (risos)
Marcos: Agora ele tá um pouco distante. Mas, conversamos mais durante a Copa! (risos)